A morte do Rio Doce. Existe esperança para a maior tragédia ambiental do Brasil?

Luciane Borges
22 de nov. de 2015
6 min de leitura

Foto: Rogério Alves (TV Senado - Fotos Públicas)

Como se já não bastasse o momento crítico que o país está vivendo por conta da crise hídrica no Sudeste, a situação se agravou muito com o rompimento das barragens do Fundão e Santarém, no Distrito de Bento Rodrigues em Minas Gerais.

Estas barragens continham os rejeitos de minério, provenientes da extração da Mineradora Samarco. Foram milhões e milhões de metros cúbicos de minérios, lama, pedras e tudo mais que se encontrava pela frente, descendo violentamente como avalanche em direção a várias cidades, e que ao se encontrar com o rio da região se intensificou ainda mais.

O Rio Doce está morto! Toda sua fauna e flora terrivelmente devastada!

A cidade de Mariana desapareceu! E seus habitantes estão mortos ou feridos, desabrigados e desesperados!

Foto: Rogério Alves (TV Senado - Fotos Públicas)

Estas águas abasteciam dezenas de cidades de Minas Gerais e Espírito Santo. Lugar de onde muitos pescadores tiravam seu sustento. E que espécies endêmicas da região habitavam ali e em alguns casos somente ali!

É muito triste a constatação que esta terrível alteração ambiental se dá por conta do “progresso”...; da ganância do homem.

Homem... espécie Homo sapiens. A única capaz de modificar o meio ambiente, a ponto de exterminar todas as outras espécies existentes no planeta. Porque é exatamente este processo que estamos vivendo. Uma nova era. A era da modernidade, do progresso, do conforto a qualquer custo e por consequência de tudo isto, a era da destruição do nosso planeta!

Foto: Rogério Alves (TV Senado - Fotos Públicas)

Até quando? Onde estão nossas leis ambientais? Para que elas servem?

A resposta, é que temos leis ambientais cheias de brechas e que só são cumpridas a risca se forem de interesse governamental.

A mineradora responsável pela tragédia ambiental foi multada em 250 milhões de reais e PODE RECORRER! Um acordo firmado com o ministério público, “obriga “ a empresa a criar um fundo ambiental de 1 bilhão de reais para recuperação dos danos.

Será este o preço do extermínio de espécies, morte de pessoas, destruição de cidades inteiras, desestruturação de famílias e danos ambientais irreparáveis?

Em tempos de ataques terroristas no mundo inteiro, o terrorismo aqui também se encontra e ataca diariamente de maneira silenciosa ou nem tanto; com armas químicas e físicas, um alvo que não grita, mas pede socorro: o meio ambiente!

Foto: Rogério Alves (TV Senado - Fotos Públicas)

Diante de uma situação absurda como esta, o que podemos fazer?

Não podemos perder a capacidade de indignação, temos que agir!

O apoio às cidades devastadas por esta tragédia é o primeiro passo para remediar a situação, no caso das vítimas. Ao final desta matéria estarão listadas formas de ajuda.

A recuperação ambiental é uma questão extremamente complexa. É preciso muito estudo de ambientalistas e especialistas, para a execução de ações estratégicas. Neste processo toda a cooperação voluntária orientada se faz necessária!

Uma iniciativa muito bacana e que já era colocada em prática antes da tragédia, pode nos trazer uma esperança para a recuperação do curso do Rio Doce.

A proposta é feita pelo Fotógrafo Sebastião Salgado, nascido em Aimorés, uma das regiões atingidas pelo desastre. Ele é fundador e vice-presidente da ONG Instituto Terra, que na região já resgatou dezenas de nascente e devolveu à natureza, milhares de espécies nativas da mata atlântica, após a região ser duramente degradada pela criação de gado e agricultura ilegal.

O Fotógrafo Sebastão Salgado, Vice-Presidente da ONG Instituto Terra (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O projeto para a recuperação do Rio Doce consiste em salvar as nascentes e devolver água para o rio, lavando assim a lama que o sufocou.

O Instituto Terra estima que o Rio Doce é formado por 370 mil nascentes. Trezentas mil delas estão ameaçadas.

Salgado quer que a empresa responsável pelo desastre financie a recuperação das nascentes em todo o vale do Rio Doce.

A ideia é de se criar um fundo imenso, que permita replantar todas as nascentes do Rio Doce, reconstituindo a reserva legal e instalando um sistema de tratamento de esgoto e captação de lixo em toda a bacia.

Esta é uma excelente iniciativa e enche nossos corações de esperança para a resolução desta tragédia que parece irreversível.

Uma outra iniciativa importante , vem de moradores, voluntários e ambientalistas. Consiste no resgate de espécies endêmicas das regiões afetadas para futura devolução ao meio ambiente. Assim que recuperado o curso d’água, certamente será preciso fazer um manejo de fauna e flora, para a recuperação da vida no leito do rio e nas encostas.

Ao longo deste processo de tentativa de recuperação do Rio Doce, trarei aqui neste canal, ideias e projetos que estão sendo colocados em prática em todas as regiões afetadas.

Não podemos ficar inertes a situações como estas. Não vamos nos calar! Vamos lutar por nossa natureza! Vamos pedir punição aos responsáveis!

Infelizmente estamos caminhando para um precipício; um terrível processo degradativo de nosso meio ambiente, que colabora dia a dia para o esgotamento de nossos recursos naturais e a possível extinção de nosso planeta!

Precisamos mudar o curso desta história!

SAIBA COMO AJUDAR:

Belo Horizonte

- Chiara Pontelo, na Avenida Nossa Senhora do Carmo, 1825, em frente ao Supermercado Verdemar,

- Sede da Cruz Vermelha Brasileira – Filial Minas Gerais (CVB-MG), Alameda Ezequiel Dias, 427, Centro, na região hospitalar. Informações: (31) 3239.4211 ou (31) 3239.4223

Sugestão: Água mineral

- Arquidiocese de Belo Horizonte, Rua Além Paraíba, 208, Bairro Lagoinha, Região Noroeste

- O Bolão Santa Tereza, na Praça Duque de Caxias, 288, Bairro Santa Tereza

- Servas, Avenida Cristóvão Colombo, 683, Bairro Funcionários, das 7h às 19h

Não estão recebendo roupas, colchões e agasalhos!

- Loja do Bem, no Minas Shopping, na Avenida Cristiano Machado, 4000, Piso 1, Bairro União, das 10h às 22h, incluindo fim de semana

Mariana

- ICSA (Instituto de Ciências Sociais Aplicadas), Rua Catete, 166, Bairro Centro

- ICHS ( Intituto de Ciências Humanas e Sociais), Rua do Seminário, s/n, Bairro Centro

- Para doações fora do município a Prefeitura de Mariana disponibiliza uma conta bancária no Banco do Brasil através do CNPJ:

18.295.303/0001-44, Agência: 2279-9, Conta Corrente: 10.000-5

- Centro de Convenções Alphonsus Guimaraens, Rua Getúlio Vargas, s/n, Centro

Ouro Preto

- República Doce Veneno – Endereço: Rua Argemiro Sanna, 21 – Bairro Barra. Telefone: 31 3551-3816

- República Snoopy – Endereço: Rua Conde de Bobadela ( Rua Direita), 159 – Bairro Centro. Telefone: 31 3552-2859

- República Palmares – Endereço: Campus Universitário, 4º ala, casa C – Bairro: Vila Operária. Telefone: 31 3551-3372

Congonhas

- Rotary Club, Rua Marquês do Bonfim, 197, Bairro Praia, a partir de segunda-feira, de 10 às 21 horas

Itabira

- Posto de coleta de Donativos no Bela Camp, na Avenida Carlos de Paula Andrade, entre os bairros Bela Vista e Campestre

Barbacena

- Sede da Defesa Civil, que fica no prédio da 13ª Região da Policia Militar

São João Del Rey

- Prefeitura de São João Del Rei, Coreto da Avenida Tancredo Neves, das 8h às 17h de sábado

- Secretaria de Cidadania, Desenvolvimento e Assistência Social, na Rua Salomão de Souza Batista, 10, de segunda e sexta-feira, das 8h às 17h

- Secretaria de Cultura e Turismo, na Praça Frei Estevão, de segunda e sexta-feira, das 8h às 17h

- Campus da Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ) Santo Antônio, Dom Bosco e CTAM, de segunda e sexta-feira, das 8h às 17h

Juiz de Fora

- Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF): campi Academia, na Rua Halfeld 1.179, Centro; Arnaldo Janssen, na Avenida Luz Interior 345, Bairro Estrela Sul), Verbum Divino, na Avenida Rio Branco 3.520, Centro) e no Seminário Santo Antônio, na Avenida Rio Branco 4.516, Centro

Acaiaca

- Prefeitura de Acaiaca, na Praça Tancredo Neves, 35

Sugestões: Roupas, alimentos, colchões

Pela internet

Também é possível ajudar sem sair de casa, com o crowdfunding criado no site juntos.com.vc para arrecadar recursos para as famílias atingidas. Para contribuir, basta entrar no site e doar qualquer quantia a partir de 20 reais. O valor arrecadado será enviado para a prefeitura de Mariana.

Ajuda aos animais

Além das pessoas e da cidade atingida pelo desastre da última quinta-feira, os animais da região também precisam da colaboração coletiva para o tratamento de recuperação. Três ONGs da região de Mariana seguem atuando nos trabalhos de resgate: a AOPA – Associação Ouropretana de Proteção Animal e a ALPA – Associação Lafaitense de Proteção Animal, mobilizaram suas equipes para retirar os animais da lama que também passaram a ser recebidos pelo Ouro Preto Hostel Telhas de Minas (Praça Antonio Dias, 21 ao lado da Matriz Nossa Senhora da Conceição).

O IDDA – Instituto de Defesa dos Direitos Animais de Ouro Preto também está trabalhando na recuperação dos animais atingidos pelo rompimento da barragem. Os ativistas ressaltam a importância das doações de ração para os animais recuperados.

Governador Valadares

Praça de Esportes (Rua Afonso Pena, 2550)

Ipatinga

- Igreja Presbiteriana do Cariru (Rua Síria, 425)

- Faculdade de Medicina (Rua João Patrício Araújo, 179)

Caratinga

Genoma Sistema de Ensino (terça-feira: professor André Marques)

Teofilo Antoni

Genoma Sistema de Ensno (terça-feira: professor André Marques)

Mendes Pimentel

Igreja Presbiteriana de Mendes Pimentel

Belo Horizonte